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Expectativas têm a ver com desejos, com sonhos, com o que existe no mais profundo do nosso coração. Têm a ver até com controle, embora não gostemos de admitir… Elas têm relação com o que esperamos e buscamos. No entanto, são apenas projeções, não fatos concretos. É por isso que dói tanto vê-las frustradas! Poderia ser incrível se tivessem se realizado, mas inúmeras vezes somos obrigados a assumir, a contragosto: o que “experamos” não deu certo. Você, como eu, certamente já sofreu desilusões, não é mesmo? Desejou tanto algo, quis tanto, mas, no final, não conseguiu o que queria Quantos dos nossos planos para o futuro, baseados em desejos do passado, não tiveram sucesso? Às vezes, fizemos “tudo certo”, mas acabamos vivendo o que não foi planejado, acabamos colhendo o que não semeamos. Talvez, se formos pessimistas, diremos que absolutamente todas as nossas previsões foram por água abaixo. Podemos ter errado feio! Não por inocência, ingenuidade ou maldade, mas porque existem fatores incalculáveis, acontecimentos imprevisíveis… A gente não sabe de tudo, afinal! Contudo, olhando para trás, tenho certeza de que você pode confirmar isto comigo: ganhamos muito mais do que merecíamos, ainda que muito menos do que desejávamos! Somos seres constantemente insatisfeitos, né? Queremos sempre mais, porém necessitamos, de fato, apenas do suficiente – daquela Graça que basta, daquela força que se torna palpável na fraqueza (2 Co 12: 9). Eu não quero que você pense, porém, que planejar não é bom, que ter sonhos é algo ruim, que todo desejo é impossível! Na verdade, esperar por algo é saudável! Algumas ansiedades são boas, pois nos ajudam a seguir sonhando neste mundo tão carente de esperança. Contudo, a espera também pode revelar uma face negativa: nossa mente, em se tratando de futuro, é capaz de pensar somente em coisas ruins, gerando muita ansiedade, tristeza e paralisia. Você já se sentiu muito preocupado e com medo do amanhã? Jesus sabia que poderíamos ser tentados a nos angustiar e ficar ansiosos com o futuro, por isso falou: “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã trará suas próprias preocupações. Basta a cada dia o seu problema.” (Mt 6:34) De um jeito ou de outro, as nossas preocupações são apenas meios de nos fazer ter sentimentos ruins de maneira antecipada. Algumas pessoas dizem até que a vida real não chega nem perto do que imaginamos, porque, com frequência, projetamos um cenário catastrófico, digno de um filme! E, quando a realidade vem, mesmo que não seja positiva, nunca é tão ruim quanto esperávamos que seria. Os anseios que consideramos bons também podem revelar questões sensíveis, que nem sempre são expostas: muito do que chamamos “felicidade” se resume ao cumprimento das nossas vontades, não é mesmo? E essa felicidade acaba escapulindo muito rápido, como areia escorrendo pelos nossos dedos, porque logo já surge outra vontade, e outra, e mais outra! Se colocarmos nossa satisfação na realização dos nossos desejos, seremos infelizes para sempre. Mas a Bíblia aponta outro caminho para nós. Podemos nos alegrar com um fato: no Senhor, nossa vida toda está segura e plena! O salmista assim registra: “Teus olhos viram a minha substância ainda sem forma, e no teu livro os dias foram escritos, sim, todos os dias que me foram ordenados, quando nem um deles ainda havia.” (Sl 139:16) Que coisa mais linda! Antes mesmo que fôssemos formados no ventre das nossas mães, o nosso Criador já havia escrito a nossa história! Que grande repouso podemos dar às nossas almas se confiarmos na Bíblia sem temores, mas com convicção! Nosso Pai jamais nos abandona. Prova disso são as tantas bênçãos que já nos pegaram desprevenidos pelo caminho, as tantas bondades que já experimentamos, os tantos auxílios divinos que nos alcançaram. Você já foi surpreendido pela alegria? Pode se lembrar de pelo menos um dia em que o agir favorável de Deus tenha sido experimentado por você? Se pensarmos com carinho e atenção, traremos à memória incontáveis episódios que apontam para a mão do Todo-Poderoso cuidando dos nossos passos. Um hino da Harpa Cristã fala assim: “Conta as bênçãos, conta quantas são, recebidas da Divina Mão, uma a uma, dize-as de uma vez, e verás, surpreso, quanto Deus já fez”. Esse exercício de contemplação é crucial para mantermos na mente o que nos traz esperança (Lm 3:21). E todas essas bênçãos que podemos contar aconteceram sem que planejássemos, sem que esperássemos por elas! Bem, eu não posso te enganar. Você sabe, assim como eu, que a vida não vai ser de novidade boa todo dia. E nem tudo que é novo é, necessariamente, bom. Mesmo assim, em Cristo, somos capacitados a viver em novidade de vida (Rm 6:4). Isto significa que podemos, sim, enxergar cada dia singular como algo novo, e bom, e divino, porque a ação do Espírito Santo torna a nossa existência nova todos os dias. Devemos, então, viver para glorificar o nosso Salvador. Hoje, nós estamos aqui. Amanhã, quem sabe? No fim das contas, mesmo preocupados com o nosso futuro, temos apenas o agora, esse instante fugaz, escorregadio, perecível. A despeito do nosso desejo de permanência, somos como a neblina que passa, como o orvalho que desaparece com o raiar do sol (Tg 4:14). Se comparada à eternidade, nossa vida é um sopro! Então, não viva em prol de ver suas expectativas supridas, ou seus sonhos realizados, mas objetivando manter um coração contente e grato, independentemente de ver cumprido ou não aquilo que deseja. Não podemos nunca perder de vista que nossa existência é um portal e um vislumbre da eternidade que ansiamos passar com o nosso Pai amado. Nada vale a pena se não apontar para Ele, porque, com Ele, até a morte é vida (Jo 11:25). Viva os seus dias confiando no Deus que te dá o ar para respirar a cada segundo. Como o salmista nos ensina, entregue o seu caminho ao Senhor (Sl 37:5). Não se preocupe demais. Deus está cuidado de você! ISADORA BERSOT é membro da Primeira Igreja Batista de São Gonçalo/RJ, escritora, revisora de textos, coautora do “Devocional Nós e Ele” e blogueira. É graduada em Letras (Português-Grego) pela Universidade Federal Fluminense (UFF). |
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Novembro 2024
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